A experiência em sala de aula, da professora Michele Lúcia Moreira Barbosa, no 2º ano, da EMEF Doutor Carlos de Almeida Rodrigues, bairro Indaiá, foi uma das selecionadas para apresentação dentro do 23º Seminário Internacional de Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa. O evento foi na Faculdade de Educação da USP, cujo tema foi Literatura na Escola, na quarta-feira (13).
A docente da rede municipal de Caraguatatuba apresentou um relato sobre “Literatura Afro-brasileira na escola: estratégias de inclusão e diversidade, através da leitura digital no ensino da língua portuguesa”, desenvolvido em sala com os estudantes.
De acordo com a professora, apesar da lei federal 10.639/2003 tornar obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas do país, sempre houve muita dificuldade de trabalhar o tema por falta de material didático. Isso mudou com a plataforma Elefante Letrado que disponibiliza 30 mil livros digitalizados, entre eles, vários exemplares que valorizam as diversas etnias.
“Escolhi três livros para trabalhar com as crianças: Melancia e Coco Mole, um conto africano; O Tambor de Criola, que fala sobre a manifestação cultural afro-brasileira na música, dança e percussão; e Abayomi, A Menina de Trança, que viaja por diversos lugares da memória e ancestralidade negra. Os alunos se inscreveram na plataforma para terem acesso às histórias não só na escola como também em casa”, contou Michele.
A plataforma Elefante Letrado também proporciona jogos interativos relativos aos livros, que foram desenvolvidos na biblioteca e na sala de informática da unidade escolar. Esse importante suporte digital também contribuiu para promover a democratização da tecnologia em acordo com Base Nacional Comum Curricular (2018).
As crianças também tiveram palestra com o professor Neil Oliveira Reis, mais conhecido como mestre Tupã, sobre a origem da capoeira, que combina luta, dança, música, jogo e religiosidade.
Assistiram a uma apresentação da Karla Aparecida Felipe, Rainha da Escola de samba “Furiosa” e a um vídeo, gravado especialmente para eles, com a presidente da ONG Zambô do Movimento Negro de Caraguatatuba SP, Teresinha de Oliveira Marciano Costa, que falou sobre Zumbi dos Palmares, a ancestralidade e a importância e influência dos negros na cultura brasileira.
Os alunos ainda produziram um mural, a partir da leitura do conto Abayomi, A Menina de Trança, com o objetivo de refletirem sobre os ancestrais da família, diversidade, inclusão e respeito. Fizeram um livro coletivo, a partir do texto Tambor de Crioula, onde, em duplas, pesquisaram danças afro-brasileiras, culinária, festas e brinquedos africanos e elaboraram desenhos com verbetes explicativos.
“Esse projeto, foi para concluir o ciclo de alfabetização, que ocorre no 2º ano. E teve o objetivo de, além da produção escrita, desconstruir estereótipos, valorizar cada criança e a identidade de cada uma deles. Conseguimos de forma lúdica ter sucesso nessa ação, com metodologia ativa, onde a criança corre atrás do conhecimento, fazendo pesquisa sobre o negro brasileiro; sua influência na culinária; na festa de São João; no Carnaval; a feijoada, que faz parte do cardápio escolar; carrinho de madeira; e a boneca de pano. Conseguimos transmitir, principalmente, a importância de respeitar a diversidade das origens de cada pessoa na sociedade”, afirmou a professora.
Fonte: PMC – Secretaria da Educação