As recentes chuvas em Ubatuba, que paralisaram o sistema de captação da Estação de Tratamento Carolina, evidenciam a vulnerabilidade da infraestrutura de abastecimento em regiões costeiras sujeitas a condições climáticas extremas. Apesar da retomada parcial do serviço no sábado (4) e normalização até domingo (5), os impactos foram amplos, afetando bairros como Lázaro, Barra Seca, Figueira, Maranduba, Lagoinha, Sertão da Quina e Itamambuca. A situação reflete uma combinação de desafios: o aumento da demanda durante a alta temporada e a falta de sistemas robustos para mitigar os efeitos de eventos climáticos severos.
Embora a Sabesp tenha solicitado o uso consciente da água e destacado a importância de caixas d’água dimensionadas conforme normas técnicas, é evidente que muitos moradores e estabelecimentos turísticos não possuem essa estrutura. A dependência de soluções individuais, como armazenamento doméstico, expõe desigualdades no acesso a recursos básicos. Além disso, a orientação para o consumo consciente, embora válida, não resolve os problemas estruturais que agravam a crise de abastecimento.
A comunicação da Sabesp com a população, por meio de canais disponíveis 24 horas, é um ponto positivo. No entanto, relatos de problemas persistentes, como a falha com a bomba no bairro Pedreira na segunda-feira (6), indicam uma necessidade urgente de melhorias no monitoramento e na manutenção preventiva. A demora para resolver questões pontuais também aponta para um sistema que opera no limite, sem margem para imprevistos.
Outro aspecto preocupante é a frequência com que eventos climáticos extremos estão interrompendo serviços essenciais. Em vez de uma resposta reativa, como substituição emergencial de bombas ou interrupções temporárias, é necessário um planejamento estratégico de longo prazo. Investimentos em infraestrutura resiliente e ações de adaptação às mudanças climáticas devem ser prioridades para evitar recorrências desse tipo de situação.
Em síntese, a crise de abastecimento em Ubatuba vai além do impacto imediato das chuvas. Ela expõe fragilidades estruturais e a necessidade de um debate mais amplo sobre gestão hídrica e planejamento urbano em áreas vulneráveis. A Sabesp e as autoridades locais devem trabalhar juntas para transformar essa adversidade em uma oportunidade de modernizar e fortalecer o sistema, garantindo que toda a população tenha acesso confiável a um recurso tão essencial quanto a água.
Fontes: Sabesp e Prefeitura de Ubatuba
